História da Assembleia de Deus de Santa Catarina

ANDRÉ BERNARDINO, O PIONEIRO

Bernadino tinha um sonho: tornar-se padre Assim, com dezessete anos deixou a cidade de Itajaí com destino ao Rio de Janeiro para estudar com os Irmãos Maristas.

“Breve serei um respeitado sacerdote da igreja Católica”, pensou o jovem rapaz ao pisar no pátio do Seminário. Porém, sua carreira teológica cedo começou a ruir. Após alguns meses de estudo envolveu-se negativamente com a vida noturna carioca. Fugia quase todas as noites em direção às escolas de samba e, em uma dessas experiências com a boemia, acabou contraindo tuberculose.

Quando os padres souberam da situação clínica do aluno catarinense, expulsaram-no do colégio. O que fazer? Para onde ir?

Com os dois pulmões já afetados pela doença, aceitou a sugestão de um colega para morar em um camarote do navio Boa Vista, de propriedade de um empresário joinvillense. A embarcação estava ancorada, para reforma, no porto do Rio de Janeiro e, temporariamente, havia se tornado numa espécie de alojamento para pessoas “sem teto”.

Era o mês de agosto de 1930. Um dos operários do cais ouviu falar de uma igreja que “curava”. Compadecido do jovem catarinense, entrou em contato com a Assembleia de Deus em São Cristóvão e, dias depois, apareceria naquele porão de navio os irmãos Daniel Berg, Gunnar Vingren e Paulo Leivas Macalão.

Os missionários oraram pelo moribundo André que foi curado imediatamente. Levaram-no para as instalações do templo da Assembleia de Deus em São Cristóvão, onde permaneceu morando por sete meses.

Com a saúde milagrosamente restaurada e dando provas irrefutáveis de sua conversão, Bernardino passou a receber treinamento bíblico ministrado pelo pastor Vingren. Músico experiente, André tocava com habilidade vários instrumentos, enriquecendo os cultos em São Cristóvão.

Mesmo sabendo que seus pais não queriam ouvir falar do filho “herege”, que havia abandonado a “Santa Igreja Católica”, André decidiu retornar a Itajaí para visitar a família. No último culto que participou no Rio de Janeiro, Deus falou profeticamente dizendo que o usaria para dar início a uma grande obra evangelística.

Assim que chegou em Itajaí, foi recebido por uma tia que morava próximo ao cais do porto e, naquele mesmo dia, aquiesceu ao convite da tia descrente para realizar um culto Duas primas, curiosas para saberem como era uma “missa dos crentes”, participaram também da reunião e ajudaram a cantar os hinos.

O irmão André Bernardino, após pedir permissão para fazer uma oração, abriu sua Bíblia no Evangelho de Marcos, capítulo dezesseis, e pregou um dos primeiros sermões pentecostais em terras catarinenses.

Neste culto duas pessoas tomaram a decisão de seguir a Jesus Cristo: Herculano e Cornélio. Começava então, a história das Assembleias de Deus em Santa Catarina, no dia 15 de março de 1931.

No seu relato à equipe organizadora da coletânea sobre o Jubileu de Ouro, o pastor Bernardino conta que:

“No outro dia pela manhã, o Sr. João Santana perguntou-me se poderia realizar outra ‘reza’, o que ficou marcado para aquela noite onde Deus salvou mais nove almas. Pouco tempo depois o irmão Santana ofereceu o terreno onde morava, dizendo que faria para ele uma pequena casa nos fundos. Na frente poderíamos construir um salão para as reuniões.

Assim, foi iniciado um mutirão para a abertura de uma rua que daria acesso ao referido terreno. Esta rua passou a chamar-se Rua Pentecostal (2).

O irmão André Bernardino da Silva foi ordenado pastor pelo missionário Gunnar Vingren em 3 de janeiro de 1932. Gunnar lhe havia dito: “Não deveria consagrá-lo ao ministério. “Você ainda tem muito pouco tempo de conversão e é solteiro, mas devido a falta de obreiros vou separá-lo para o pastorado”. Dois anos depois o pastor André se casou com uma jovem da igreja em Guaramirim e permaneceu trabalhando em nosso estado por doze anos. Em 1943 retornou definitivamente para o Rio de Janeiro.