Assembleia de Deus no Brasil

Batismo em Águas, 1920 - Rua Azusa

Batismo em Águas, 1920 – Rua Azusa

“Pouco tempo depois, Gunnar Vingren participou de uma convenção de igrejas batistas, em Chicago”. Essas igrejas aceitaram o Movimento Pentecostal. Ali ele conheceu outro jovem sueco que se chamava Daniel Berg. Esse jovem também fora batizado com o Espírito Santo.

Rua Azusa, Los Angeles,CA – EUA

Após uma ampla troca de informações, experiências e ideias, Daniel Berg e Gunnar Vingren descobriram que Deus os estava guiando numa mesma direção, isto é: o Senhor desejava enviá-los com a mensagem do Evangelho a terras distantes, mas nenhum dos dois sabia exatamente para onde seriam enviados.

Daniel Berg e Gunnar Vingren

Algum tempo depois, Daniel Berg foi visitar o pastor Vingren em South Bend. Durante aquela visita, quando participavam de uma reunião de oração, o Senhor lhes falou, através de uma mensagem profética, que eles deveriam partir para pregar o Evangelho e as bênçãos do Avivamento Pentecostal. O lugar tinha sido mencionado na profecia: Pará. Nenhum dos presentes conhecia aquela localidade. Após a oração, os dois jovens foram a uma biblioteca à procura de um mapa que lhes indicasse onde o Pará estava localizado. “Foi quando descobriram que se tratava de um estado do Norte do Brasil”. (História das Assembleias de Deus, Emílio Conde – CPAD)

No início do século XX, apesar da presença de imigrantes alemães e suíços de origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas evangélicas tradicionais, nosso país era ainda quase que totalmente católico.

A origem das Assembleias de Deus no Brasil está no fogo do reavivamento que varreu o mundo por volta de 1900, início do século 20, especialmente na América do Norte.

Os participantes desse reavivamento foram cheios do Espírito Santo da mesma forma que os discípulos e os seguidores de Jesus durante a Festa Judaica do Pentecostes, no início da Igreja Primitiva (Atos cap. 2). Assim, eles foram chamados de “pentecostais”.

Exatamente como os crentes que estavam no Cenáculo, os precursores do reavivamento do século 20 falaram em outras línguas que não as suas originais quando receberam o batismo no Espírito Santo. Outras manifestações sobrenaturais tais como profecia, interpretação de línguas, conversões e curas também aconteceram (Atos cap. 2).

1º templo da Assembleia de Deus
no Brasil (inaugurado em 08/11/1914)

Quando Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará, em 19 de novembro de 1910, ninguém poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil por meio da pregação de Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da Humanidade e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. As igrejas existentes na época – Batista de Belém do Pará, Presbiteriana, Anglicana e Metodista, ficaram bastante incomodado com a nova doutrina dos missionários, principalmente por causa de alguns irmãos que se mostravam abertos ao ensino pentecostal. A irmã Celina de Albuquerque, na madrugada do dia 18 de junho de 1911 foi a primeira crente a receber o batismo no Espírito Santo, o que não demorou a ocorrer também com outros irmãos.

O clima ficou tenso naquela comunidade, pois um número cada vez maior de membros curiosos visitava a residência de Berg e Vingren, onde realizavam reuniões de oração. Resultado: eles e mais dezenove irmãos acabaram sendo desligado da Igreja Batista. Convictos e resolvidos a se organizar, fundaram a Missão de Fé Apostólica em 18 de junho de 1911, que mais tarde, em 1918, ficou conhecida como Assembleia de Deus.

Pr. Gunnar Vingren e família

Em poucas décadas, a Assembleia de Deus, a partir de Belém do Pará, onde nasceu, começou a penetrar em todas as vilas e cidades até alcançar os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Em virtude de seu fenomenal crescimento, os pentecostais começaram a fazer diferença no cenário religioso brasileiro. De repente, o clero católico despertou para uma possibilidade jamais imaginada: o Brasil poderia vir a tornar-se, no futuro, uma nação protestante.

Pr. Daniel Berg e família

A Assembleia de Deus é, atualmente, a major igreja evangélica do Brasil, e está fartamente disseminada por todos os Estados da Federação. Esse crescimento singular não se deve propriamente aos esforços dos seus membros (embora estes sejam esforçados), mas à ação direta do Espírito Santo de Deus. No espaço de 90 anos apenas, aconteceu esse milagre: o Brasil, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, encheu-se de pentecostais. Fenômeno igual não consta ter ocorrido em outros países no tempo presente.

A taxa de crescimento das Assembleias de Deus, desde o inicio deste movimento pentecostal, tem sido alta. Se essa taxa for conservada, chegará em breve o dia em que não mais se dirá que o Brasil é o maior país católico.

2º templo da Assembleia de Deus em Belém

Milhares de “complexos de igrejas-mães” estão localizados em cidades principais, espalhadas por todo o Brasil. A essas igrejas-mães estão filiadas igrejas menores, congregações, e casas de oração.

As igrejas-mães são conhecidas pelo nome de ministérios e contam cada uma, com milhares de crentes ativos. Cada congregação, muitas vezes organizada em local distante, é responsável apenas perante a igreja-mãe. Essa e uma das características das Assembleias de Deus que ajudam o seu extraordinário crescimento. É um processo que descentraliza a obra. Quando, porém, a congregação se desenvolve sobremaneira, desliga-se da igreja-mãe, e se torna ela mesma uma igreja-mãe que passa a orientar outras congregações menores. O fenômeno do crescimento se prende também ao método de trabalho, e às suas raízes, isto é, o fato de ser as Assembleias de Deus uma obra de fé. Durante o relato histórico, observamos que os obreiros partiam pela fé e pela fé abriam os novos trabalhos, que, também pela fé, prosperavam.

1. A obra social

As Assembleias de Deus recrutam ate o momento seus integrantes, da grande massa da população brasileira, das camadas inferiores do povo, embora, haja, também, muitos membros da classe media e alta. Entretanto, a igreja tem ajudado o povo, ensinando-o a ler, espalhando literatura, construindo bibliotecas comunitárias, jardins de infância, creches, orfanatos, asilos, casas para recuperação para toxicômanos, etc. Cada igreja-mãe supre as necessidades dos membros que dela fazem parte e das pessoas de sua comunidade, providenciando alimentos, casa, roupa, assistência médica. Alguns campos possuem sua própria policlínica ou mantém convênios. Possuem escolas e realizam, com eficiência, um multiministerial abençoado por Deus, que cuida dos velhos e das crianças, dos estudantes e dos chefes de família, dos menores abandonados e das donas-de-casa.

2. Missões

Missões é a tarefa primordial e definitiva da Igreja do Senhor Jesus Cristo aqui na terra. Essa atividade da Igreja não cessará até que Ele venha. As Assembleias de Deus, bem no principio, encarou com seriedade essa tarefa. Somente dois anos se passaram, desde o inicio de suas atividades no Brasil, e o espírito missionário já fora despertado. Em 1913, Gunnar Vingren, pastor da Assembleia de Deus em Belém, sentiu que deveria falar a José Plácido da Costa sobre missões, isto é, sobre a necessidade de levar as boas novas a outras terras. Disse-lhe, então, num encontro: “Irmão Plácido, por que não vai pregar o Evangelho ao povo português?” Plácido não pode responder afirmativamente logo, mas compreendeu que Deus lhe falava e desejava que fosse anunciar o evangelho a outros povos.

Assim impulsionado pela chama missionária, no dia 4 de abril de 1913, através da novel igreja, José Plácido da Costa e família embarcaram no navio Hildebrand, no Pará, com destino a Portugal. Era a primeira demonstração viva e prática do espírito missionário da Assembleia de Deus.

Segundo o relato do missionário, o trabalho em Portugal foi estabelecido em maio do mesmo ano, sendo a mensagem pentecostal anunciada ao povo daquela nação.

Em 1921, também foi enviado para Portugal, José de Matos, que percorreu o país de Norte a Sul, estabelecendo contatos e fundando igrejas no Algarves e nas Beiras.

Em 1962, segundo o Mensageiro da Paz (02/10/52), foi enviado a Bolívia, pela igreja do Rio de Janeiro, o Pastor Euclides Vieira da Silva.

A Assembleia de Deus no Brasil continua enviando missionários para o exterior e, também, para o interior do país. Ela vem desenvolvendo um trabalho de incentivo a todos os cristãos que queiram servir a Cristo como mensageiros do seu Evangelho. O órgão orientador dos trabalhos missionários das Assembleias de Deus é a Secretaria Nacional de Missões, ligada à Convenção Geral. Essa secretaria tem como objetivo orientar as igrejas quanto ao envio e suporte aos seus missionários.

Atualmente, a Assembleia de Deus no Brasil mantém missionários em toda América Latina, América do Norte, e em vários países da África, Ásia, Oceania e Oriente Médio.

3. Educação Teológica

Recentemente, começou a se dar ênfase aos institutos bíblicos para o treinamento de ministros e líderes leigos, nas Assembleias de Deus do Brasil. Centenas dessas instituições estão espalhadas pelo país. Em cada Estado da federação há várias instituições de ensino teológico.

4. Relação com outras igrejas evangélicas

A atitude das Assembleias de Deus para com as outras igrejas evangélicas não pode ser de indiferença. Elas têm se colocado contra o Movimento Ecumênico e a Convenção Geral das assembleias de Deus, em 1963, declarou: “O ecumenismo, representado pelo Conselho ecumênico das Igrejas e pelo Concílio Vaticano tem uma tendência à apostasia. Uma comunhão de igrejas que ‘abertamente praticam o culto aos ídolos’ e que creem na justificação pelas boas obras (igreja católica romana), que negam a divindade de Jesus Cristo ou seu nascimento virginal, a necessidade do novo nascimento, a ressurreição e o retorno de Cristo (Conselho Mundial de Igrejas), é uma coisa impossível para os pentecostais. Os protestantes do Conselho Mundial de Igrejas traíram aqueles que morreram como mártires pela causa da fé”.